Crônica de um futuro não realizado

Tomando chá das cinco. Balançando na cadeira que fica na varanda de frente para o quintal. Crianças correndo para lá e para cá. Banho de mangueira faz todos eles sorrirem à beça! Percebo o meu vestido branco de renda que comprei no brechó de uma senhora. Meus cabelos trançados feitos pelas mãos de minhas crianças. Até o meu mais velho quis ajudar. Senta meu marido ao lado. Olhando para o mesmo lugar, sorrimos. 

Na cozinha tem cookies feitos pela criançada sob meus comandos. Agora estão todos no sofá jogando. E o meu mais velho, cadê? 

A criançada acha que vai ficar a madrugada toda nesses consoles. A infelicidade deles em noites é evidente quando ouvem eu os chamar para dormir. Sempre tive a ideia de que um cereal com leite resolve. As vezes, resolve. 

O meu filho  mais velho anda triste. Fica tempo demasiado dentro de seu quarto trancado tocando música ou apenas lendo. Diziam que ele era Tímido. Eu não creio em tal constatação. Vejo-o de maneira alegre, brinca com os irmãos como se não houvesse amanhã. Um moço bom. 

No meu quintal tem um balanço, gosto de ir todas as noites de verão. Não sei ver constelações e dizer esta é "Ursa Maior", esta é "três Marias"...etc. Pensar, talvez. Penso demais. A ponto de eu me afastar de tudo, me refugiar, e lá ficar. 

São 6hrs. Chamarei a mim de preguicinha juntamente com meus filhos. O quanto é ruim acordar cedo. Nunca aprendi, e me recuso a aprender. 

- Acordem, preguicinhas!

Que tal panquecas para a criançada? 
Tenho deixado meu emprego para cuidar dos menores. Me permito ser a melhor pessoa que eles poderiam conhecer na vida, e eles as mais amadas por mim. Eu dou valor a isso, tanto quanto a roupa lavada. Se tem uma coisa que quero na vida, é que meus filhos sejam bem educados, com muito amor, justiça e carinho. 


O meu mais velho quer me imitar. Tem 7 anos. Só não gosta de ajudar. A do meio tem 5 anos. Gosta de aprender, meche em tudo e em todos, não tem medo de levar bronca, e nem de aparecer alguém chorando devido a ela ter quebrado algo. O caçula tem 3 anos. Diria que é o mais responsável, só observa, não faz pirraça, não briga, não quebra, não limpa, não faz nada. Só coloca tudo na boca. Uma bela equipe. 

Pretendo adotar mais um. Não importa se vai ser bagunceiro, ou pior do que todos os meus. Não importa se vai grande ou pequeno. Apenas quero amá-lo, educá-lo. 

De tarde, depois de uma macarronada feliz, tem a hora do soninho. Essa parte as vezes adoro, outras eu odeio. Adoro porque quando estou atarefada com algumas coisas pessoais e profissionais ou questões domiciliares, então é um silêncio necessário. Odeio porque sinto falta dos ruídos deles, das chamadas em meu nome, de cuidar, de ler para eles. A parte de ler e entretê-los vem depois. Minha parte favorita, onde afloro quem sou para eles. 

Fazem bagunça tudo de novo. Na salinha da bagunça, estão todos pintados de canetinha. O mais velho nem se importa do caçula pintá-lo. E nosso cachorro não tem jeito, rasgou todo meu caderno de receitas. 


Se meu dia não for assim, então não quero mais nada. 
Ainda bem que ainda não começou esses dias, estão longe de começar. 
Se caso não acontecer, que meu Pai me leve antes. 



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