O filme O substituto


O filme "O substituto" ("Detachment" que quer dizer Indiferença). 


Me chamou atenção a este filme, logo de cara, por causa de Adrien Brody (um ator insuperável em tramas, que eu diga "O pianista"). Mas logo quando começa o filme você desaba, eu sinceramente me senti amargurada, vazia, porque estava expondo meus sentimentos pra fora enquanto assistia uma trama tão realística e tragicamente poética. O filme tem uma versão clássica do ano de 1996. Mas este, me tirou fôlego e me fez chorar com toda minha alma de ver que os jovens hoje em dia precisam de alguém. Não só Jovens, mas sim, Pais, e professores. Estamos à beira da loucura em relação à escola, e as perdas, os problemas, as causas confundíveis, nos levam à beira do abismo. Este filme relata bem o vazio da escola, a ausência da educação, e principalmente a ausência de pessoas essenciais em nossas vidas. Cadê os pais para ouvir o filho? É como diz o próprio filme em uma poesia linda dita em mensagem ao personagem de Adrien: "Os pais precisam ter um currículo antes de tentarem de serem Pais". O filme retrata muito mais a vida de um professor, o fracasso de não poder ser o suficiente para os jovens de hoje em dia na educação, relutando cada um com sua forças paras seus problemas do dia a dia, pois ninguém passa a ouvi-los e escutar seus desabafos. Todos os dias são guerras. Esse filme me lembra muito o filme "Escritores da Liberdade", um filme fantástico sobre literatura e educação. Adorei a poesia vazia do filme, as cenas vazias, o caos, o sofrimento de todos os lados, sem ninguém compreender, o silêncio, o grito da alma, a loucura pesada nos ombros sem que ninguém possa tirá-las, a trama de três lados totalmente divididos e temíveis.

Vale muito à pena assistir, embora seja vazio e silencioso, mas é uma trama poética sobre a educação e os problemas nos dias de hoje e de tudo o que somos e escolhemos para nossas vidas.

Obs: Me identifiquei muito com o Professor Henry Barthes (O substituto). Tudo o que ele fala e sente é totalmente impregnado a mim.

"Eu nunca me senti tão profundo e alheio de mim e tão presente no mundo" (Albert campus)




"Eles não tem um intervalo de atenção. Ficam entediados. Então como supõe conduzi-los  à uma literatura Clássica se eles não acreditam que você tem algo significante para compartilhar."



"Eu acho que o senso de humor é a chave. Eu não tenho isso. Digo, eu tenho mas de uma forma trágica."



Tem uma parte que adoro, que é a parte em que um jovem vem falar com aquele professor com muito bom senso de humor, assim:

- "Vargas, é um puto", o jovem mal educado fala referente ao professor. E continua: "Fala merda, e vai apanhar como uma vadia. Não vai conseguir me reprovar, também vou "desfoder"sua merda irado, seu filho da mãe."
E o professor muito engraçado, repete com ironia o que o moço disse:
- "Desmerdar"...Não, "Desfoder" seu merda irado, filho da mãe" e logo faz um comentário: "Uau! Isto é muito poético. Digo, verdadeiramente Lírico. Deveria encenar isso no palco. Faria sucesso sozinho" Depois de ele repetir várias vezes, de va´rias formas engraçadas o que o moço disse, ele diz: " Volto logo e a gente discute sobre seu futuro brilhante depois. Certo, cara?...Ah, digo, seu filho da mãe."
Risos, eu ri nessa parte. 



"Deveria haver um pré-requisito, um currículo para poder ser pais, antes das pessoas tentarem ser."


"Todos nós temos problemas, assuntos que temos que lidar. E todos nós..levamos eles para casa com a gente à noite, e levamos pro trabalho de manhã cedo. Acho que tal desamparo, realização, mau pressentimento de ser um barco à deriva, sem bois, sem segurança, quando pensava que era 'o cara'. Arremessando a boia."


Acho fantástico aquela parte de que o professor Henry vai até um outro professor, do qual sempre fica pendurado nas grades e com olhos fechados em direção ao céu. Henry diz a ele:
- Tudo bem com você?
- O quê? Consegue me ver? Parado aqui? 
- Sim, posso te ver. 
- Oh Deus, isso é tão cruel. Obrigado.
E daí o professor "esquisito" sai dali muito surpreso deixando Henry. 

Uma das partes em que chorei, foi a parte em que uma moça irreverente e indiferente à regras entra na sala da Orientadora com: 
- E aí, Dr. Parker? (enquanto fecha a porta com força). Podemos acabar logo com isso? Tenho mais o que fazer. ( e se senta em frente à Dr. Parker)
- Quais são seus planos para depois do colégio já que não vai para a faculdade? Pergunta a Orientadora.
- Não sei. Sair com meu namorado, fazer uns bicos de modelo...estar na banda de meu amigo. 
- Tenho suas notas de 10 semestres. Sabe o que diz? F, F, F,F. 
- F, F, F, tá!
- Sabe o que significa? Que você nem liga. 
- Você é brilhante. (Com tom sarcástico). 
A orientadora se levanta preocupada e nervosa. E a moça diz:
- Posso ir?
A orientadora ri massageando a testa e desabafa:
- Deus, você é uma criatura fria e nojenta. Quer saber da verdade? Um: Não estará na banda , ou ser uma modelo, pois não tem ambição. Sem experiência, competirá com 80% do trabalho americano por um salário mínimo no qual trabalhará pelo resto da vida até ser substituída por um computador. 
- Não ligo. 
- Dois: o único talento que terá é ter homens querendo te comer. Sua vida será, basicamente, um carnaval de sofrimento. E quando você não puder enfrentar isto, nenhum dia a mais, nem mais uma hora, ficará pior, muito pior! - Diz orientadora revoltada, logo diz chorando - Todos eu venho aqui e escuto merdas que fazem! É fácil, fácil não ligar mais. Mas é preciso coragem e caráter para se importar. E você não tem nenhuma dessas qualidades. 



"Sinto-me horrível por ela." "Quem?" "Nossa escola.Pode soar estranho, mas sempre senti que ela tinha espírito. Não é só um monte de tijolos, mas que estão vivos. Só não consigo entender. Onde estão todos os pais?"



"Alguns de nós acham que podem fazer a diferença. E ás vezes, acordamos, e percebemos que falhamos". 


"Todos precisamos de algo, pra nos distrair da complexidade e da realidade. Mais ou menos como pensar de onde veio. Ninguém quer saber na luta que é necessária para poder se tornar alguém que fuja, que fuja bem, do mar de dores, dor, que todos temos que fugir."


"Temos a responsabilidade de guiar nossos jovens para que não terminem se desintegrando. Caindo no esquecimento. Tornando-se insignificante". 



No final ele lê "A casa de Usher" de Edgar Allan Poe. Que é sublime. 












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