Graça

Numa esquina, ela estava lá, tomando seu café, refletindo sobre as coisas que aconteceram no ano. Consigo mesma, ela dizia:

"Há tanto pude perceber o quanto queremos que amor seja uma coisa boa, algo que nos tire do chão ou nos deixe sem fôlego. Mas na realidade é o mesmo sentimento quando você consegue amarrar o cardaço quando criança, ou quando sua mãe faz uma comida que se torna a sua favorita pelo resto da vida. Ora, eu não estou menosprezando um sentimento belo. A comida favorita não é um indicativo de algo negativo, aliás, ela nos acompanha, é uma característica intrínseca que escolhemos carregar. Por que o amor seria diferente? Deixamos o tal do sr. amor no pedestal, achando que ele é único e inefável muitas vezes. Grande engano humano! O sr. amor é muito falho, carrega inúmeras tristezas e desilusões. Mas, mais que isso, carrega paciência e acalento. Não precisamos apressar para alcançá-lo, ele tem certas horas marcadas. Na realidade, acaba acontecendo quando se menos espera. Eu não consigo acreditar em frios na barriga como indicativo de amor, e sim na paciência que temos ao deixar uma pessoa ser alguém especial de forma vagarosa. Amar é simples, mas ao mesmo tempo requer esforço. Precisamos deixar nossas idealizações de que a pessoa será melhor do que nós mesmos, nisso então, precisamos acreditar que somos iguais e podemos nos ajudar mutuamente. Inclusive, é necessário ceder coisas que consideramos apenas nossas, saindo de nossa zona de conforto e ir em busca do compartilhamento. Aprendi este ano que na vida não é possível viver sozinho, embora gostamos de ter o nosso canto e querer nos descobrir sozinhos, sentimos que falta algo. Não que possa nos completar, mas que possa nos acrescentar. Então, reforço que amor é algo que acrescenta, e que não complementa, pois ele é essencial. Permiti observar que em muito tempo estive andando em círculos, achando que o amor era algo que nos tirava do chão. Bem, se formos para colocar na fantasia, pode até ser. Mas sabe de uma coisa?! Eu não queria que fosse! Deixa de ser real, complexo e humano. Aceitar que a vida deve ser regada com pequenas e simples atitudes rotineiras e não com inúmeras atitudes enfadonhas para demonstrar algo tão intrínseco. Queremos apresentar um show sobre o amor, e esquecemos que ele é mais uma sensação de observar sua mãe sorrir. Será que estamos perdendo tanto o amor a ponto de que a cada atitude com ele é algo que deve ser exaltado? É como uma frase que vi uma vez: "estamos tão desencantados que se ser decente parece virtude". Dessa forma, no sentido do amor, estamos tão abalados com a falta desse vigor do amor, ou melhor, a falta de reconhecer o amor nas simples com coisas da vida, que parece mérito. É dolorido pensar que o amor pode se parecer com mérito. O amor não deve ser custo ou esforço, muito menos ser um mérito, ele é gracioso, como uma manhã carregada de orvalho beijando as plantinhas; como o cheirinho da sua comida favorita enquanto alguém que você ama o faz; como ouvir de alguém tudo aquilo que você acredita na vida; como olhar nos olhos de uma pessoa e ter certeza de que ela, embora com todos os defeitos, irá marcar sua vida, seja ela simplesmente sorrindo pra você ou acompanhando você em um dos momentos mais difíceis de sua vida; como o abraço de uma criança depois de você receber uma notícia ruim, de ter passado noites chorando; como os olhinhos de um bebê que acabou de nascer. Por que precisa complicar algo tão singelo e sereno? Parece uma falha de comunicação dos nossos sentimentos e atitudes. Alguns querem um amor mais forte, outros querem um amor mais leve, mas nunca experimentaram o amor genuíno e puro. Talvez tenham experimentado, mas o egoísmo e o individualismo ou então a expectativa exagerada possa ter destruído o reconhecimento de que o que é simples é mais sincero e legítimo. Se o amor é mar, não se contente com quem só quer molhar os pés; Se o amor é como uma flor, não se contente com quem não te rega e te permite podar. Não específico no amor Eros, como já é bem claro no discurso, e sim no amor infindável e ilimitado."









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